15 dezembro 2013

1 palavra vs 1000 imagens ou vice-versa...

Há uma coisa que me intriga: Se 1 imagem vale mais do que 1000 imagens, porquê que há artistas que têm mais medo das palavras do que das imagens?
Isto vem a propósito de um dos 17 telediscos do novo disco da Beyoncé. O teledisco da música Superpower começa com a Beyoncé com um lenço na cabeça, que ela põe tipo passa-montanhas, aka look-terrorista, e acaba com ela apoiada por uns amigos (Pharrel e colegas Destiny's Child) em confronto com um esquadrão de polícia de choque. Pelo meio os sinais são muitos, incluindo o uso do verde da Primavera Árabe...
Contra isto não há problema nenhum, que a música da Beyoncé revele uma espécie de mal estar do mundo, sobre pessoas que se querem revoltar contra um poder (e essa palavra tão boa que não sei usar em português: to rise). Mas o único problema é quando se vai ler a letra da música...
A música começa: When the palm of my two hands hold each other | That feels different | From when your hands are in mine | That's just the way it is.
É bonito, mas o que é que tem a ver? Apparently nada. E o que me surpreende é isto. Ela não tem medo de ter uma imagem forte que quer criar uma revolução, mas depois não tem coragem de falar por palavras dessa revolução. E esta conversa é aplicável ao teledisco da Azelia Banks: Yung Rapunxel, a imagem é super forte e violenta, mas as letras são more of the same shit...
If you want a revolution, não basta dar a cara, é preciso abrir a boca!


24 junho 2013

Folha de sala

Na Passada sexta feira a sessão de Ante-Estreia do La Chambre Jaune na Cinemateca Portuguesa foi muito especial. O amarelo estendeu-se por todos os filmes e transbordou até à folha de sala. Fico muito contente por ter este marco na minha colecção de folhas da cinemateca. (clicar na foto para ler)

20 junho 2013

5 noites 5 filmes

Amanhã, sexta 21, às 21h30 passam na Cinemateca Portuguesa 5 filmes que realizei num quarto amarelo.
Se eu pudesse, programava um 5 noites 5 filmes que antecipava esta sessão. O alinhamento seria o seguinte:

Flesh de Paul Morrissey (que inspirou O Desterrado)

Bonjour Tristesse de Otto Preminger (que aparece no filme Bonjour)

Sanma no Aji de Yazujiro Ozu (que inspirou livremente Namban Japan)

La Nuit Americaine de François Truffaut (que rima com La Chambre Jaune)

Warnung vor einer heiligen Nutte de Rainer Werner Fassbinder (utilizado em UFA...)

19 junho 2013

10 Panorâmicas de Angola

click on pics to enlarge
Na província do Kwanza Norte, o Rio Zenza passa por baixo de nós e atravessa a floresta tropical húmida.
As pedras negras do Pungo Andongo vistas do topo, no centro uma povoação e uma queimada.
As Quedas de Kalandula vistas de uma Pousada em ruinas, à direita 2 elementos da equipa apanhados em movimento.
No centro de Luanda, um musseke rodeado de prédios, nas traseiras da Rua Rainha Ginga.
A vegetação densa da floresta tropical húmida no Golungo Alto.
O Morro do Bimbi, no planalto da Humpata. António dividido pela distorção da imagem.
A estrada da Serra da Leba, que desce do Planalto da Humpata para o Namibe.
A festa dos caloiros no Politécnico do Namibe, ao centro a Marta a dançar a tarrachinha.
No Namibe, na estrada para o Virei, um pneu furado. A câmara regista o momento.
No último dia de filmagens, a equipa come caranguejos em frente à praia, na cidade do Namibe.

17 junho 2013

I'm not here!

Tenho andado longe daqui. O mês passado passei-o aqui:

(não exactamente "aqui" que é Moçambique, mas noutro "aqui", chamado Angola.)

16 abril 2013

Abril com a cabeça no estrangeiro...

Depois de ter estado em Paris com A Tempestade do Teatro Praga no MC93, o meu filme La Chambre Jaune vai estar em Timisoara, na Roménia, no festival Timishort
(mas a minha cabeça, no entanto, já está em África...)

23 março 2013

Do meu ponto de vista.

 
Amanhã no Espaço Nimas, às 21h30, passam dois filmes que eu fiz, dois making of... Riders é o meu olhar sobre a ópera Riders to the Sea encenada pelo André e. Teodósio e Faz Tudo Parte é o meu olhar sobre o concerto Três Cantos do Zé Mário Branco, o Sérgio Godinho e o Fausto.
Está tudo no olhar, é uma questão de perspectiva, como estas duas fotos no meu Facebook, um frame de cada filme, mas uma direcção no olhar. Até lá!

11 março 2013

O meu mês de Março é assim!

Brevemente vou estar um bocadinho por todo o lado, a fazer video no espectáculo A Tempestade do Teatro Praga, no CCB e a apresentar dois documentários realizados por mim, no Espaço Nimas.
Apareçam!!!
Tudo o que precisam de saber segue em baixo.


A Tempestade
um espectáculo do Teatro Praga
15 e 16 de Março, às 21h no Grande Auditório do CCB

a partir de William Shakespeare e Henry Purcell
música de Xinobi & Moullinex, video de André Godinho, luz de Daniel Worm d'Assumpção, cenário de Bárbara Falcão Fernandes

mais info aqui | teaser: aqui



Riders + Faz Tudo Parte
2 documentários de André Godinho no ciclo: Novos e Novíssimos do Cinema Português
24 de Março, às 21h30 no Espaço Nimas

Riders é o making of da ópera Riders to the Sea, encenada por André e. Teodósio
Faz Tudo Parte é o making of do concerto Três Cantos: José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto Bordalo Dias

mais info aqui | trailer de Riders aqui | excerto de Faz Tudo Parte aqui

06 março 2013

Não há tempo a postar, que estou demasiado ocupado com isto...




The Tempest
pelo Teatro Praga
a partir de William Shakespeare e Henry Purcell
estreia a 15 de Março no CCB em Lisboa
e a 5 de Abril no MC93-Bobigny em Paris
mais info aqui (CCB) e aqui (MC93).

09 fevereiro 2013

Hoje estreia em Mulhouse:

O espectáculo que me levou da Alsácia ao Mediterrâneo, para as mais improváveis paisagens.
Don Quichotte ou l'illusion perdue
pelo Ballet de l'Ópera National du Rhin 
coreografia de Rui Lopes Graça / Marius Petipa
9, 10 e 12 de Fevereiro no La Filature
mais info: aqui.

28 janeiro 2013

Casting:


Quero! Porque ela fica bonita com olhos de carneiro mal-morto... E isso não é fácil de encontrar.

25 janeiro 2013

24 janeiro 2013

At last...

Um ano depois de terem saído os resultados, o concurso de apoio às curtas de 2011 foi homologado. At last...

18 janeiro 2013

De França a Àfrica


Quando comecei a trabalhar com o Rui Lopes Graça, no Don Quichotte, contei-lhe que tinha um projecto de documentário e que ia filmar em Angola no deserto do Namibe. Ele disse-me: eu vou para lá agora, trabalhar com a Companhia de Dança Contemporânea de Angola.
Isto anda tudo ligado, já dizia o outro...
Depois da viagem que o levou aos sítios por onde eu vou andar, fomos os dois para França. Numa viagem de carro rumo ao sul do país, ouvi esta música. Dedico-a ao Rui, que estreia o seu espectáculo hoje (mesmo sabendo que não há nenhuma Joanna, na Companhia, porque são só homens...)

16 janeiro 2013

Up next!

A próxima viagem é com o Teatro Praga, para uma ilha encantada. "Não vai ser fácil, vai ser lindo!"
The Tempest is coming soon!
mais info aqui (CCB) e aqui (MC93)

Don Quichotte e o público


O Público escreveu dois artigos sobre o Don Quichotte ou l'illusion perdue, que eu fiz com o Rui Lopes Graça em Estrasburgo. Um artigo no Público online no dia da estreia (que se pode ler aqui) e um no Público offline, com a reacção à estreia (que podem ler abaixo, se clicarem na imagem).
As reacções ao video, tanto da parte do Público como da parte do público, foram muito positivas, embora tenha percebido um certo desconforto da parte do público, que interpretou um efeito visual como um defeito técnico.
No video, de cada vez que aparecia a bailarina Sara Hochster (a minha Dulcineia), a imagem bloqueava e aparecia uma rodinha de carregamento (tipo YouTube), que interferia na sua fluidez.
Este efeito de realidade era de tal maneira forte para o público, que o impedia de encontrar um significado narrativo para ele. No entanto o efeito pretendido era alcaçado, tirar o espectador da sua zona de conforto.
Já o Público se deixou levar por outros caminhos mais contemplativos...

diário / blog

Um diário tem uma ordem, a uns dias seguem-se outros.
Já um blog tem uma ordem, que embora seja a mesma de um diário, a uns dias seguem-se outros, é inversa, o post mais recente é apresentado em cima e portanto a leitura vai em direcção ao post mais antigo.
O blog Arroios do Zé Maria Vieira Mendes é um diário, não dele mas do próprio diário (até porque a diferença entre a realidade e a ficção é que uma está escrita e outra não), que se lê nos dois sentidos.
Um dia cruzei-me com este diário, estava dentro de um teatro e por baixo de mim estava um cinema...

Os cinemas da cidade

No dia a seguir a partir para Estrasburgo saiu um artigo no Ípsilon sobre um livro dedicado aos Cinemas de Lisboa (pode-se ler aqui). O livro faz o retrato de uma cidade que teve grandes cinemas e que os perdeu todos. Hoje em dia, só existem em Lisboa 3 cinemas correntes, que não estão enfiados dentro de um centro comercial: o King, o Londres e o City Classic Alvalade (no Porto a perspectiva é muito mais deprimente, porque não só não existe nenhum cinema fora de um centro comercial, como nem sequer existe nenhum cinema dentro da cidade...)
A autora do livro diz que Lisboa abraçou o cinema no séc. XX, mas mais que isso, que fomos dos primeiros europeus a compreender o cinema. O problema é que tal como compreendemos, também deixámos de compreender e a cultura cinematográfica perdeu-se...
Em Estrasburgo num raio de 300 metros do meu hotel havia 4 cinemas, o Star Saint-Exupéry, o Vox (que tinha um belo néon), o Odyssée (que tinha uma semana de cinema turco) e o Star (que ficava na mesma rua que o hotel). Mas mais do que o número de salas, o surpreendente era o que estava nas salas.
O cinema da minha rua devia ter umas 5 salas, mas pelo menos uns 10 filmes em cartaz. Entre eles o Tabu, não só destacado pelo papel a dizer "coup de coeur", mas também no programa do cinema onde vinha destacado como filme do mês. Nesta sala estavam também 2 filmes de Jean Renoir em cópias novas, The River e Le Carrosse d'Or. E ainda o American Graffiti, mais filmes indie, mais cenas para crianças, mais um filme sobre o pintor Auguste Renoir, chamado Renoir e que criava a confusão na fila para a bilheteira, com as pessoas que queriam ver os filmes do Renoir.
Mas para nós, o que este cinema tinha de extraordinário era isto, num domingo à tarde, quando me decidi a ir ver o Le Carrosse d'Or, haver uma grande fila para o cinema, com uma rapariga a tentar organizar a fila pela ordem das sessões (que começavam atrasadas, à espera que todos tivessem tempo de comprar o seu bilhete e entrar sem perder nada do filme)...
A diferença não está no número de cinemas que existem na cidade, mas no facto de haver de facto público interessado em vê-lo.